Ócio Criador, Trabalho e Saúde
Ano: 2008
Neste início de século nos deparamos com um dilema que deverá orientar a vida das próximas gerações: nosso planeta está começando a mostrar sinais de esgotamento em consequência do estilo de vida consumista e do modelo insustentável que adotamos, alicerçado fundamentalmente no resultado econômico. Este livro, escrito a quatro mãos por um psicólogo grego, catedrático em mitos de civilizações antigas e um economista, mestre em psicologia clínica, é uma reflexão a respeito do nosso ideal de progresso e desenvolvimento. Os autores fazem um balanço histórico e colocam frente a frente o homem arcaico, que via Midas como representação de um desvario, com o homem contemporâneo que confunde enriquecimento com elevação e ganância. Ao analisar a crise ética e existencial que domina a nossa sociedade contemporânea, este livro resgata as formas de comportamento das civilizações greco-egípcias, que vivenciavam um equilíbrio maior entre os valores material e espiritual, entre o ócio e o trabalho. Sempre ilustrando com a simbologia mítica, Viktor D. Salis faz um contraponto entre o modo de vida arcaico e a barbárie no mundo de hoje, em que somos escravos do trabalho, fundamentamos nossas vidas no ter e não sabemos usufruir o tempo para celebrar o belo. Terapeuta respeitado e um dos nossos maiores especialistas na área de estudos das sociedades arcaicas, Salis mostra que na Antigüidade o homem reverenciava o sagrado da natureza e experimentava mais serenidade e harmonia entre os valores material e espiritual. Mesmo a doença era vista de outra forma: como um alerta de que essa harmonia no modo de viver estava perturbada. Eram os tempos do Ócio Criador. Buscava-se, então, uma forma de viver com alegria e paixão, aproveitando-se o bem considerado mais precioso: o tempo. O homem não era escravo do trabalho; não idolatrava o dinheiro, o sucesso, o poder. Moldado de forma a pensar por conta própria e educado para ter a coragem de realizar a si próprio sem prejudicar os outros, tinha uma vida mais plena e em paz com os deuses. Hoje, vivemos na sociedade das aparências. Materialistas, supervalorizamos o ter, relegando o ser a um segundo plano. Experimentamos o desvario do progresso e da velocidade, somos os homens-negócio, ou os “negadores do ócio”, seres fracos frente ao nobre, bom e belo. Afastamo-nos completamente da Paidéia, que era, na Grécia Antiga, a arte de formar “homens-obra de arte”, honrados, capazes de criar e ser verdadeiros. A educação moderna, a despeito de seu discurso libertário, destrói talentos, potenciais e nos massacra desde cedo com um nivelamento para sermos considerados “normais”.
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