O casamento de Eros e Psiquê
Ano: 2012
Eros, como filho de Ares e Afrodite, será aqui o personagem de nossa história e não o Eros metafísico, que deixaremos para uma outra ocasião. Tinha na verdade várias aljavas cheias de flechas e cada uma delas bem diversa das outras. Uma continha flechas cheias do fogo da paixão; outra continha flechas cheias de desprezo; uma outra ainda tinha flechas doces e finalmente uma última estava cheia de flechas amargas. Também não usava sempre o mesmo par de asas; às vezes voava com asas brancas que representavam a pureza do amor, mas outras vezes voava com asas de abutre, pois “o amor às vezes é cruel e devorador”. É importante não confundir este Eros que flechava a todos de modo inusitado, com o amor livre e o sexo desenfreado que se pratica hoje. Isto era chamado na Antiguidade de hedonismo, ou seja, o sexo e o prazer como um fim em si mesmo. O amor de Eros tem um sentido sagrado e o fato de estarmos sujeitos às suas flechadas não queria dizer que estaríamos nos apaixonando por qualquer um e a toda hora. Psiquê também tem duas versões no pensamento grego arcaico. Mais uma vez, na versão mais metafísica de Hesíodo “é o princípio que anima a matéria formando os humanos” (é o barro primordial que formou a humanidade sendo ele composto dos quatro princípios fundamentais: terra, fogo, ar, água). Já em Homero, é uma belíssima donzela e que será aqui o personagem central do mito, que passamos agora a relatar. Eros gostava sempre de voar com os olhos vendados por sua mãe Afrodite, a deusa do amor e da beleza. Atirava as flechas ao léu (pois o amor é cego). Trazia consigo uma tocha para arder os corações e uma coroa de rosas para espalhar aos amores correspondidos. Acompanhava também os heróis como Hércules, Teseu e Perseu, pois no amor muito vale a força, a persuasão e a astúcia; mas também a eloquência das doces mentiras. Afrodite e a Fortuna também acompanhavam o amor no início, mas com frequência a desgraça e a pobreza vinham a seguir. Psiquê era uma princesa belíssima e todos a adoravam prestando-lhe culto e admiração. Mas, estranhamente, ninguém com ela queria se casar, pois dizia a tradição que a união com alguém muito belo só traria riscos e dissabores.
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